Mesmo com repertório questionável, Queens of The Stone Age se vale de bom entrosamento e domina o palco na abertura para o Foo Fighters.
Fotos: Marcos Hermes/Divulgação.
Se não fosse o Foo Fighters), o Queens Of The Stone Age
teria roubado a cena na noite do domingo 25 de fevereiro no Maracanã. Porque
o grupo, liderado por Josh Homme, um dos ícones do rock mais recente,
assim como Dave Grohl, pode ser colocado inequivocamente na galeria de
grandes shows dos últimos tempos. Mesmo sem lançar grandes trabalhos há
uma década – foram só dois discos em 10 anos -, a banda se supera em
cima do palco, a custa do entrosamento de uma – quem diria! - duradoura e
enxuta formação, que, no passado, era um ajuntamento cheio de entra e
sai que só começava a tocar depois de uma longa lista de chamada ser
feita. E faz muita diferença o modo como eles tocam, sobretudo quando as
três guitarras estão a todo o vapor no palco.
Sim, porque o QOTSA contemporâneo vive o paradoxo de não ter lá
tantas músicas boas assim – uma falha de composição -, mas tocá-las
tirando sons incomuns não só das guitarras, mas também dos teclados e
acessórios – mérito do cuidado ao fazer os arranjos com uma sonoridade
peculiar. Isso somado, com a atitude e a garra de quem vive o rock de
verdade, com o bom entrosamento fornecido pela estrada, resulta em
apresentações fulminantes como a de ontem. Músicas como “The Evil Has
Landed” e “I Sat by the Ocean”, por exemplo só mostram o potencial que
têm ao serem tocas ao vivo. A primeira com um riff matador inexpressivo
em disco e um final demolidor, e, a segunda, com um modo de tocar slide
guitar muito diferente do que se vê há anos no rock e no blues rock,
cortesia dos guitarristas Troy Van Leeuwen e Dean Fertita, que também
toca teclados e adjacências.
De todas a apresentações no Brasil, incluindo em festivais como Rock In Rio (duas vezes), Lollapalooza e SWU, esse é o maior show do grupo em termos de tempo disponível para tocar, à exceção da noite de setembro de 2014, em São Paulo.
Assim, o repertório, embora questionável, aparece bem distribuído entre
os trabalhos mais recentes, e sobra espaço para quatro faixas de “Songs
for the Deaf”, de 2002, um clássico da banda e relevante para o rock em
todas as épocas. A versão esfuziante para “You Think I Ain’t Worth a
Dollar, But I Feel Like a Millionaire” arrebata até ao fã de última
hora, e “No One Knows”, coladinha nela e mais conhecida, leva o público
ao delírio, em um dos melhores momentos da noite, ainda mais com um solo
pauleira do batera Jon Theodore no meio. Nota-se, também, que o público
chegou cedo para ver o Queens, ou a interseção de fãs entre uma banda e
outra é maior do que parece.
Curiosamente, o álbum de estreia, homônimo, passa batido, e o segundo
trabalho, o ótimo “Rated R”, só comparece com uma música, e não é até
então obrigatória “Feel Good Hit of the Summer”, simbólica da imagem de
doidões da qual talvez hoje a banda queira se afastar. De todo modo, o
show funciona muitíssimo bem – repita-se – pelo fato de o grupo como um
todo estar acertadinho, voando em cima do palco. Mesmo como abertura
para o FF, o show tem um cenário bem bolado, com iluminação baixa – uma
tônica no QOTSA – e bastões verticais cravados no palco que envergam
como vara de jatobá e cedem bons efeitos de luz. Outras performances que
realçam, em um show praticamente perfeito, são as de “My God Is the
Sun”, cujo riff surpreende pelo peso, mas segue familiar ao mesmo tempo,
com uma paradinha sensacional no final; “Little Sister”, com um
impressionante desfecho acelerado por Theodore; e a dobradinha final com
“Go With the Flow”, grande composição, e “A Song for the Dead”, no
tradicional momento quebra tudo que acabou o show.
Na abertura, o Ego Kill Talent
comprovou aquilo que todo mundo já supunha: que o som pesado e bem
trabalhado da banda é mesmo feito para as massas. Depois da ótima
passagem pelo Palco Sunset, no Rock In Rio do ano passado, quando tocou
para um público menor, mas já no clima de um grande festival, o grupo
deitou e rolou neste domingo. Não que o público do Maracanã fosse total
já na abertura, ainda com dia claro, mas o suficiente para que o
encantamento do rock se impusesse. Poucos ali deviam conhecer o
quarteto, mas a força da música deles e a boa presença de palco,
sobretudo a entrega do vocalista Jonathan Correa, levou ao aplauso geral
ao final da apresentação.
O tipo de som, calcado no rock noventista americano, e de certa forma
identificado com o das bandas principais, também colaborou para a
aceitação geral do público. Ou seja, vale a pena a produção escolher bem
as bandas certas para shows de abertura de bandas internacionais. Das
sete músicas tocadas em meia horinha só, destaque para a pedrada
“Heroes, Kings and Gods”, com um instrumental poderoso; a pegada grunge e
pesada de “Sublimated”, que despertou as palmas da plateia antes de
terminar; e para o desfecho, com a grooveada, mas também pesada “Last
Ride”. Para quem há três anos estava no meio do público, como disse
Jonathan, vendo o Foo Fighters de baixo para cima, nada mal. E pensar
que a banda ainda tem muito a crescer.
Set list completo Queens Of The Stone Age:
1- If I Had a Tail
2- Smooth Sailing
3- My God Is the Sun
4- Feet Don’t Fail Me
5- The Way You Used to Do
6- You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
7- No One Knows
8- The Evil Has Landed
9- I Sat by the Ocean
10- Make It Wit Chu
11- Domesticated Animals
12- Villains of Circumstance
13- Little Sister
14- The Lost Art of Keeping a Secret
15- Go With the Flow
16- A Song for the Dead
Fonte: Rock em Geral
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