sábado, 10 de novembro de 2018

Freddie Mercury: Gloria Maria não falava inglês mas conseguiu entrevistá-lo

A jornalista Gloria Maria relembrou sua entrevista com Freddie Mercury em 1985 por ocasião da vinda do Queen ao Brasil para participar da edição daquele ano do Rock in Rio, primeira de todos os tempos. "Não falava inglês, mas conseguimos conversar! Só esqueci de combinar que iria perguntar em português também!" comentou Gloria, que também mostrou um trecho da entrevista. 




No início do mês, Gloria contou que não gostou da caracterização de Rami Malek como Freddie no filme "Bohemiam Rhapsody": "Ficou meio over. Eu conheci Freddie, entrevistei ele e tudo mais, ele era meio dentuço, mas não da forma como o filme retrata, com os dentes tão pra fora, aquela coisa protuberante. Acho que o resultado ficou meio estranho, caricato", disse.


Veja a entrevista completa com trechos de bastidores. Freddie brinca com Gloria que repetia as perguntas em português para serem posteriormente editadas na versão que iria ao ar.



Fonte: whiplash.net

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Tomando jeito


Bem ensaiados, irmãos Cavalera revivem álbuns que pavimentaram o sucesso internacional do Sepultura há quase 30 anos.

Max Cavalera faz a clássica mão de fogo: tocando a guitarra de quatro cordas que lhe é peculiar
Max Cavalera faz a clássica mão de fogo: tocando a guitarra de quatro cordas que lhe é peculiar
 
 
Antes de o show terminar acontece aquilo que se anunciara durante toda a noite. O vocalista, na música final, já sem a guitarra que abraçou incrivelmente durante o show, se joga sobre o público num ato de puro congraçamento, não sem antes se certificar: “Vocês me seguram? Eu tô gordão!”. É “Ace Of Spades”, é mosh, é body surfing, tudo acontece como há quase trinta anos, nesse mesmo Circo Voador, com ótimo público na noite desta sexta (1/11). As limitações do tempo - do passar do tempo, ah, o tempo… - não impedem, dessa vez, que Max e Iggor Cavalera - ou Cavalera Conspiracy, como queiram - façam um ótimo show, mostrando surpreendente forma física, se compararmos com passagens recentes por essas plagas.
 
 
Porque, dessa vez, os caras parecem ter se preparado melhor, ensaiado com o afinco que a história deles merece, sobretudo Iggor, já que dele depende a agressividade de todo o repertório da fase que engloba os álbuns “Beneath The Remains” e Arise”, lançados respectivamente em 1989 e 1991. São ao discos que prepararam o Sepultura para a carreira internacional, consolidada em grande estilo e sucesso global com os posteriores “Chaos A.D.” (1993) e “Roots” (1996). Depois, a empresária da banda foi demitida, levou Max, marido dela junto, e o resto está hoje nas biografias de parte a parte. Trata-se de um repertório, por assim dizer, intermediário, antes das influências de quem vive o mainstream do metal e da música mundial, e depois do início bronco/ingênuo, lá em Belo Horizonte, que o Cavalera Conspiracy, como banda, tentar atualizar nos discos com músicas inéditas.



Em ótima forma física, Iggor Cavalera tem umas de suas melhores performances desde o Sepultura
Em ótima forma física, Iggor Cavalera tem umas de suas melhores performances desde o Sepultura
 
 
Quem passou pelas catracas do Circo esperando ver a banda tocando a íntegra dos dois álbuns, contudo, teve que se contentar com seis, de um total de nove, do “Beneath…”, e outra meia dúzia, das 10 do “Arise”. Matemática à parte, a solução se mostrou bastante eficiente, já que todas a músicas foram tocadas com o empenho, a agressividade e a técnica tal qual foram gravadas e eram executadas pela formação clássica do Sepultura nesse mesmo Circo Voador – ao menos as do “Beneath…”, depois a casa ficou pequena pra eles -, sem enrolação, sem pot-pourri, sem agora-cantem-vocês-que-eu-esqueci-a-letra-e-tô-sem-voz. E com Max tocando a guitarra suja de quatro cordas que lhe é peculiar durante todo o show. E com Iggor – repita-se – em uma de suas melhores performances nos últimos tempos, desde que se reuniu com o brother Max.


Por isso a dobradinha “Beneath the Remains”/“Inner Self”, aquela mesmo que a TV Globo proibiu por ser muito pesada, e que tem um duplo bumbo de mudar a vida da pessoa, abrem a noite de forma avassaladora, com o plus do som do Circo, um dos melhores da cidade, bem equalizado e em um volume abissal. Por isso “Dead Embrionic Cells”, um clássico eterno do Sepultura, faz a plateia pular em uma enorme onda, como também acontece no cover de “Orgasmatron”, do Motörhead, bônus de “Arise”, que viralizou em uma MTV de sinal aberto antes mesmo de a internet arruinar o mercado da música. E por isso “Desperate Cry”, uma das preferidas de Max – de quem não é? -, surge como uma moto-niveladora a passear sobre o público.


O ótimo guitarrista Marc Rizzo, parceiro de Max Cavalera no Soulfly há uns 15 anos, debulha a guitarra
O ótimo guitarrista Marc Rizzo, parceiro de Max Cavalera no Soulfly há uns 15 anos, debulha a guitarra
 
 
Até músicas menos conhecidas/bombadas na mídia de um modo geral ganham um realce no show, como “Stronger Than Hate”, com a primeira debulhada de um seguro Marc Rizzo, parceiro de Max há uns 15 anos, e o solinho final de baixo recriado pelo correto Mike Leon, ambos integrantes do Soulfly. “Altered State”, por sua vez, recebe uma jam instrumental na onda religiosa/bíblica de Max, para desaguar em uma transição feroz, incluindo as duas guitarras nervosas e o vocalista realmente possesso na beirada do palco, como poucas vezes se viu nos tempos mais recentes. Revisados os dois álbuns, o bis guarda pedradas indispensáveis como “Refuse/Resist”, cujo pioneiro arranjo de bateria mudou meio mundo, e na qual Max promove a “abertura do Mar Vermelho” na plateia, e “Roots Bloody Roots”, maior hit do Sepultura em todos os tempos. Disparado uma das melhores apresentações dos irmãos Cavalera desde o fatídico ano de 1996. Agora, sim, se pode pensar numa volta da formação clássica.


Um problema no cronograma dos shows fez o Enterro, que tocaria antes do CC, se apresentasse depois, encerrando a noite. O convite feito pelo próprio Max Cavalera – grande apoiador do metal nacional, diga-se -, e o apelo do vocalista/baixista Alex Kafer, além do som “do ramo” do DJ Terror, mantiveram um bom público no local, para um show conciso e bem pesado. O som cru da banda, tocando como trio, já que China, um dos guitarristas, não pode ficar, se revelou ainda mais “faca no estômago”, com Donida, o outro, mostrando toda sua habilidade no segmento, um deleite para os fãs de metal que, destruídos, mantiveram postura mais contemplativa. Na abertura, mais cedo, o veterano Endrah tocou para o público que ainda chegava, e fez um show pesado e com certo groove, muito embora a banda tenha raízes no death/thrash metal, com um quê de hardcore nova-iorquino anos 90. Um ótimo aquecimento para uma bela noite do metal nacional.



Rizzo, Max e o baixista Mike Leon, outro integrante do Soulfly na exibição dos Cavalera Conapiracy
Rizzo, Max e o baixista Mike Leon, outro integrante do Soulfly na exibição do Cavalera Conspiracy

Set list completo:
1- Beneath the Remains
2- Inner Self
3- Stronger Than Hate
4- Mass Hypnosis
5- Slaves of Pain
6- Primitive Future
7- Arise
8- Dead Embryonic Cells
9- Desperate Cry
10- Altered State
11- Infected Voice
12- Orgasmatron
13- Ace of Spades
Bis
14- Troops of Doom
15- Refuse/Resist
16- Roots Bloody Roots
17- Beneath the Remains/Arise



Fotos: Daniel Croce
Fonte: Rock Em Geral
 

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