Gênero dominou até os espaços patrocinados do evento
A volta do metal ao Rock in Rio deixou até os mais cricris sem
argumentos para reclamar da escalação, em geral, eclética do festival. A
sexta-feira foi rock'n'roll do começo ao fim.
Sob sol e calor na casa dos 35oC, os metaleiros foram recebidos pelas garotas do Nervosa, power trio paulistano, que abriu o palco Sunset. Derrubando tudo, inclusive preconceitos, a banda de trash metal dedicou uma música a Marielle Franco.
Testosterona e roupa preta não faltaram à plateia, lotadíssima até o show do Scorpions, que encerrou a programação com seu repertório de classic rock, que incluiu "Wind of Change" e "Rock You Like a Hurricane".
Atração principal da noite, o Iron Maiden, que
toca domingo em SP, pediu para antecipar sua apresentação. A
expectativa era altíssima: hordas de rapazes, jovens adultos e senhores
mais velhos ostentavam a capa dos discos no peito e, vez ou outra, um
admirador mais afoito fazia ecoar no metrô e no BRT, que levam à Cidade
do Rock, o nome da banda.
O espetáculo correspondeu à altura. Não faltaram cenários
complexos, eles abriram com um avião no palco; soluções cênicas, como o
gigantesco Eddie espadachim de "The Trooper"; e figurinos caprichados, Bruce Dickinson entoou o hino "Fear of the Dark", usando um traje de Fantasma da Ópera.
Tudo fez sentido. A fantasia em torno dos trabalhos da banda é
criada sobre referências históricas e literárias, sempre ligadas a uma
estética potente. A voz e o carisma do vocalista me fazem pensar que
existe mesmo um pacto 666. Mais que isso, a Dickinson se aplica
perfeitamente uma máxima do filme Rock Star, o trabalho dele é "viver uma fantasia que as outras pessoas apenas sonham".
Outras duas atrações (literalmente) da pesada foram Sepultura, que abriu o palco Mundo, no começo da noite para uma legião de headbangers, e a anunciada despedida do Slayer, atração do palco Sunset que poderia muito bem estar no principal.
O dia do metal é quase uma tradição no Rock in Rio,
aconteceu praticamente em todas as edições a partir de 2011 e ficou de
fora na passada, sob protestos. Uma prova da força é o fato de os
ingressos para ontem terem sido os primeiros a se esgotar.
We will rock you
Até nos espaços patrocinados, o rock dominou. Em geral, esses
palcos menores e fora da programação oficial também recebem shows e DJs.
No da Coca-Cola, por exemplo, o funk carioca dominava, até o dia do
metal, quando a onda foi diferente. Clássicos como "Rock Roll All Night", do Kiss, fizeram todo mundo cantar junto. Coincidência ou não, os músicos do Detonautas,
que fizeram uma das mais elogiadas participações no RiR na semana
passada, faziam parte da banda. No espaço da Sky, o DJ lançou "We Will Rock You", do Queen, causando semelhante reação.
Um pouco mais distante dali, na Rota 85, caminho de acesso aos palcos, o saloon da cervejaria Eisenbahn era animada pelo trio de country rock carioca Dirty Devil Band. No coreto do outro lado da rua, a jovem banda Os Caras e Carol lançava seus riffs com a voz potente da moça que dá nome ao projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário